Conheça história da GUCCI!
BLOG PARIS | postado em 16/02/2022
Olá, internautas!
Hoje vamos falar sobre uma das etiquetas mais desejadas do mundo, a Gucci. Em 2021 a grife completou 100 anos de história e laçou um filme baseado na ex-mulher de Maurizio Gucci, o drama “Casa Gucci”. O elenco conta com nada mais e nada menos do que com a ilustre presença da diva pop Lady Gaga e o renomado ator, produtor e roteirista Al Pacino, vale a pena assistir!
Com todo o sucesso da marca, e no ultimo ano, de seu filme, preparamos um resumo sobre essa trajetória até hoje. Mesmo comemorando- se seu centésimo aniversário ano passado, a história da marca tem uma origem um pouco mais distante, em 1897. É nesse ano que o italiano Guccio Gucci, filho de artesãos, passa a trabalhar como porteiro no grande Hotel Savoy, de Londres e começou a ter como uma de suas distrações favoritas observar as malas riquíssimas dos hóspedes que passavam por ali.
Apaixonado por esse acessório, ele volta à sua cidade natal, Florença, determinado. Em 1902, começa a trabalhar para uma fabricante de couros, a Franzi, e vai amadurecendo o sonho do negócio próprio, que já vira realidade em 1921, ano em que nasce a Gucci. Naquele momento era apenas uma fábrica de malas que produzia, sobretudo e artigos de luxo de couro para viagens.
Por causa das sanções que a Liga das Nações fez à Itália, entre a Primeira e a Segunda Guerra Mundial, o couro vira um material escasso no país e por isso Guccio Gucci começa a integrar ao catálogo de sua marca outros tecidos, como malharia e seda. Ou seja, a casa expande para vestuário.
É por volta dessa época que ele inicia também a produção de acessórios, como sapatos e bolsas, e introduz alguns detalhes que viram assinaturas da label, incluindo o monograma com o logo de G duplo e a icônica faixa de duas tiras verdes interrompida por uma vermelha ao meio, em referência às selas dos cavalos. Em 1947, surge a hoje clássica Bamboo Bag.
A partir da década de 1930, o negócio começa a ter a participação dos filhos de Guccio: Aldo, Vasco e Rodolfo Gucci. A principal missão dos herdeiros era expandir a etiqueta, primeiro em Roma, depois Milão e, por fim, ao longo da década de 1950, por todo os Estados Unidos. E, de fato, eles conseguiram. Em 1953, é inaugurada a primeira boutique da Gucci em Nova York, no então The Savoy Plaza Hotel, uma homenagem a Guccio Gucci em referência onde tudo começou. O fundador, no entanto, morre poucos dias depois desse lançamento.
Os anos 1950 seguem como uma era de ouro para a Gucci e a marca vira uma das favoritas das celebridades de Hollywood. Grace Kelly, a princesa de Mônaco, foi um dos ícones de moda que influenciou o design da casa. Quando ela decidiu comprar uma Bamboo Bag, Rodolfo Gucci decidiu presenteá-la com um lenço floral de cores vivas. A ilustração virou a hoje tradicionalíssima estampa Flora.
Na década de 1960, a Gucci segue conquistando a América e lançando cada vez mais hits comerciais, incluindo óculos, relógios e joias. Mas, ao passo que a grife agora se expande até a Ásia, com novas butiques em Tóquio e em Hong Kong, os conflitos entre a família só aumentam. Brigas entre os irmãos, entre os sobrinhos e entre pai e filho colocaram a Gucci diversas vezes à beira da falência.
Dentre as tretas mais marcantes – que a etiqueta hoje em dia prefere não comentar – vale destacar uma em que Maurizio Gucci é protagonista. Ele era filho único de Rodolfo e começou a trabalhar com o tio Aldo nos Estados Unidos. Em resumo, ele conseguiu não só tirar os demais primos Paolo, Roberto e Giorgio da jogada como também derrubou o próprio tio da liderança do negócio, a ponto de assumir toda a empresa em 1984, um ano após a morte do pai. Em 1993, ele vende sua parte do império para a Investcorp, dona da outra metade, encerrando, assim, toda a relação da família Gucci com a sua empresa homônima. Mas o drama familiar não para por aí...
Em 1995, Maurizio é baleado e morre. O mandante do assassinato? A sua ex-mulher, a socialite Patrizia Reggiani. 25 anos depois da tragédia o conflito inspirou o drama estrelado por Lady Gaga no ano passado.
Como é de se imaginar, entre disputas familiares, acusações de sonegação, assassinato e a venda da grife a investidores estrangeiros, a Gucci não andava muito bem das pernas entre os anos 1980 e 1990. Em 1989, a superexecutiva de moda Dawn Mello, então presidente da Bergdorf Goodman, foi nomeada a diretora criativa da label para tentar colocá-la nos eixos.
Ela não teve uma passagem tão impactante como diretora, mas ajudou a colocar uma preciosidade na maison: Tom Ford. O norte-americano foi contratado em 1990 para ser estilista de ready-to-wear e, com a saída de Mello que voltou à Bergdorf em 1994, ele vira o novo diretor criativo da casa.
E é aí que se inicia toda uma nova era da Gucci. Sob o comando de Tom Ford, a marca recupera a sua relevância. Ele simplifica a identidade da grife, navegando entre o minimalismo da época, restaurando a opulência e o desejo em volta do nome e injetando muita – mas muitoamesmo – sexualidade. Ford coloca o vestido colado no corpo, o cós baixíssimo na cintura, o salto agulha vertiginoso nos pés... Isso era algo que não se via em nenhuma outra label e atiçava os consumidores.
Com o fotógrafo Mario Testino, ele fez campanhas publicitárias que ficaram na memória – seja por motivos bons ou péssimos. Em uma das imagens mais emblemáticas, o estilista desenhou o logo da maison nos pelos pubianos da modelo Carmen Kass. Em outra foto com Carmen, bastante problemática, colocou o modelo Adam Senn batendo no seu bumbum.
Tom Ford deixa a Gucci em 2004 por desavenças nas decisões criativas, mas deixa um legado e tanto: naquele momento, a casa era avaliada em 10 bilhões de dólares e ícones como Gwyneth Paltrow, Jennifer Lopez e Madonna amavam usar Gucci nos tapetes vermelhos.
Ao longo dos anos 1990, o grupo LVMH compra várias ações da Gucci em uma tentativa de acumular assentos no conselho da empresa. Mas em 1999, após movimentações internas da label, o investidor François Pinault, da então Pinault Printemps Redout (PPR), adquire 42% do negócio, iniciando uma disputa entre as duas pelo controle do negócio. Em 2001, a PPR vence comprando 8% das ações da rival e assumindo 53% da empresa. Mais tarde, o grupo de Pinault passa a se chamar Kering – e é lá que a Gucci se mantém até hoje.
Depois de Ford, Alessandra Facchinetti passa a assinar a coleção feminina. Mas é Frida Giannini, ex-designer de bolsas da Fendi, que acaba assumindo a direção criativa da Gucci em 2006. Após um período sem grandes abalos, mas também sem tantos auges, ela deixa a casa em 2014. Dentre o seu legado, é preciso destacar que Giannini colocou a Gucci na TV, com campanhas assinadas até mesmo pelo cineasta David Lynch. Ela também deu uma injeção de ânimo nos perfumes da marca e até estrelou um documentário, o The Director, de 2013, que examina o seu trabalho de perto.
Mas é a entrada de um outro nome que vai abalar mais uma vez as estruturas da maison. Em 2015, chega Alessandro Michele mudando completamente tudo. A crítica especializada estava tensa, porque Michele não era um grande conhecido da mídia. O estilista havia trabalhado na Fendi, mas tinha feito carreira mesmo dentro da Gucci, passando por vários cargos diferentes ao longo de mais de 12 anos, não necessariamente nos holofotes.
Porém, na primeira coleção, ele já mostrou a que veio. Para a temporada masculina de inverno 2015, Michele coloca garotas na passarela com seu olhar de antiquário, mas nada antiquado, em uma coleção inteira executada em menos de uma semana, de acordo com o The New York Times.
A temporada seguinte, a primeira feminina sob o seu comando, é considerada também um sucesso estrondoso, com a crítica cada vez mais encantada por seu mix de teatro, acervo, memória, gênero, kitsh, drama, terror, opulência, romance e futurismo. O designer é descrito pelo próprio grupo Kering como alguém que é capaz de unir "dandismo, Renascimento italiano, imagem gótica e atitude punk".
Pode parecer um exagero tantas descrições, mas é que o maximalismo de Michele não se esgota na manga bufante de sua roupa, ou nos óculos gigantes de cristais incrustados que ele faz: ele está presente também em movimentos dentro da casa. A Gucci não apenas entra para as rimas de rappers como Cardi B e Kanye West, como um desejo de ostentação bling bling para o hip-hop, mas também vira um case de marketing a ser estudado, transformando os seus próprios canais e redes sociais em veículos de comunicação.
Em 2017, a grife anuncia a iniciativa de cortar a produção de peles e promete reduzir o seu impacto ambiental e social até 2025 na nova plataforma criada pela marca, a Gucci Equilibrium. Em 2019, ela lança sua linha de maquiagem, a Gucci Beauty, além de uma fragrância unissex, a Mémoir dÚne Odeur, continuando algumas ações pioneiras na desgastada divisão de gênero na moda.
Em maio do ano passado, veio o anúncio oficial: a Gucci não está mais no calendário tradicional de moda e passa a trabalhar com uma sazonalidade própria, a de duas apresentações por ano, em formatos ao sabor da criatividade de Alessandro Michele. De acordo com o diretor criativo: "Nós temos um grande público. Pessoas que nunca estiveram em nossas lojas, mas que nos seguem. Não somos apenas roupas. Nós estamos apoiando também diálogos".
Nesse sentido, entre os dias 16 e 22 de novembro de 2020, a maison apresentou a sua mais nova coleção por meio do festival digital GucciFest, um evento que se dividiu entre moda e cinema para explorar novas maneiras de apresentar uma temporada ao público. Os curtas dirigidos por Gus Van Sant e Michele formavam uma série, a Overture Of Something That Never Ended, com participações especiais de Billie Eilish, Harry Styles e Florence Welch – reforçando a vontade da marca de juntar cada vez mais o universo da cultura com o da moda.
Entre os looks, a nova coleção divide o styling com peças recuperadas de temporadas passadas, todas coexistindo e confirmando a vontade da Gucci, de interromper essa noção de sazonalidade tradicional na moda, de que a estação passada deve ser jogada de lado para a nova ocupar o lugar.
De maneira geral, o que fica de toda essa história é que, cada vez mais, a Gucci tem desenhado um universo, uma ideia de juventude e, consequentemente, de sociedade possível. Os meninos e meninas Gucci, claro, vestem as roupas vintage da casa, estranha e descoladamente amontoadas, mas também conversam e se expressam de maneiras que estão conectadas com o mundo atual e o futuro. E um dos principais representantes deste momento da marca é Harry Styles, espécie de embaixador da marca, cujo estilo é basicamente marcado pela colaboração com a grife italiana.
No primeiro episódio, logo de início, falas do escritor e filósofo Paul B. descrevem papéis sociais dentro da realidade patriarcal e colonial na qual vivemos, e como isso afeta as noções sobre gênero e sexualidade de uma maneira condicionante. A marca dá uma cutucada dizendo que é possível sim uma "revolução do amor", se essas caixinhas forem quebradas.
A saída da Gucci da semana de moda tradicional de Milão, para manter apenas duas apresentações anuais e não mais cinco, como antes, também impulsiona uma discussão sobre a produtividade nessa indústria tão pouco sustentável. E, apesar de ver seu crescimento desacelerar desde 2018, a grife segue, ao lado da Balenciaga, no posto de mais lucrativa do grupo Kering, que detém ainda Saint Laurent e Alexander McQueen.
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Um grande beijo.
Equipe Paris Vision.